As telas estão afetando o aprendizado de crianças e adolescentes? Saiba os impactos na educação e saúde mental e veja dicas práticas para equilibrar tecnologia e estudos.
Contextualizando o uso de tecnologia por crianças e adolescentes
Nos últimos anos, as telas tornaram-se parte essencial do cotidiano de crianças e adolescentes. De smartphones a tablets, passando por computadores e televisores, o acesso às tecnologias digitais está moldando uma geração que aprende, se comunica e se diverte em um ambiente altamente conectado. Porém, ao mesmo tempo que essas ferramentas oferecem oportunidades incríveis, elas também trazem preocupações. Uma das questões mais debatidas é o impacto das telas no aprendizado. Será que estamos, sem perceber, prejudicando o desenvolvimento cognitivo dos jovens?
Neste artigo, exploraremos como o uso excessivo de telas pode influenciar a educação, a saúde mental e as habilidades sociais das crianças e adolescentes, além de discutir formas de equilibrar os benefícios e os riscos dessa interação tecnológica.
O impacto no aprendizado: Como as telas ajudam e atrapalham
As telas, quando usadas corretamente, podem ser grandes aliadas no processo educacional. Ferramentas digitais como aplicativos interativos, jogos educativos e plataformas de ensino a distância oferecem recursos valiosos que antes eram impensáveis. Estudos apontam que crianças expostas a conteúdos educativos bem estruturados em dispositivos digitais podem apresentar melhorias em habilidades como leitura, matemática e resolução de problemas.
Por outro lado, o uso excessivo ou inadequado das telas pode atrapalhar. Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que crianças e adolescentes que passam mais de 4 horas por dia em frente a telas têm maior probabilidade de apresentar dificuldade de concentração e desempenho escolar abaixo da média. Isso ocorre porque o cérebro, especialmente na infância e adolescência, é extremamente sensível a estímulos. A exposição constante a notificações, vídeos curtos e conteúdos altamente estimulantes pode reduzir a capacidade de manter o foco em tarefas mais longas e desafiadoras, como ler um livro ou resolver exercícios de matemática.
Multitarefas e o mito da eficiência
Outro ponto importante é o impacto da multitarefa, algo comum no uso de telas. É muito frequente que adolescentes alternem entre assistir a vídeos no YouTube, responder mensagens no WhatsApp e fazer tarefas escolares simultaneamente. Embora pareça eficiente, estudos mostram que o cérebro humano não é programado para lidar com várias tarefas cognitivas ao mesmo tempo.
Pesquisadores da Universidade de Stanford concluíram que pessoas que realizam muitas tarefas simultaneamente apresentam desempenho inferior em todas elas, comparado a quem realiza uma tarefa de cada vez. Para crianças e adolescentes, isso significa menor retenção de informações, aumento da sensação de cansaço mental e, muitas vezes, maior estresse.
Saúde mental: Ansiedade e dependência digital

O uso excessivo de telas também está diretamente ligado à saúde mental dos jovens. Um estudo realizado pela American Psychological Association indicou que crianças e adolescentes que passam mais de 7 horas diárias em dispositivos eletrônicos apresentam níveis mais altos de ansiedade, depressão e problemas de sono.
Esses fatores, por sua vez, têm impacto direto no aprendizado. A privação do sono, comum entre jovens que passam horas jogando ou navegando nas redes sociais, afeta a memória, a capacidade de resolver problemas e até o comportamento em sala de aula.
Além disso, a dependência digital cria um ciclo vicioso: quanto mais tempo os jovens passam conectados, maior a dificuldade de se desconectar e focar em atividades acadêmicas. Isso pode resultar em notas baixas e na perda de interesse pelos estudos.
Habilidades sociais e aprendizado colaborativo
Outro efeito importante das telas é o impacto nas habilidades sociais. Em um mundo digital, muitas crianças e adolescentes interagem mais por meio de mensagens e vídeos do que pessoalmente. Embora isso facilite a comunicação, também reduz as oportunidades de desenvolver empatia e habilidades de resolução de conflitos em ambientes reais.
Estudos da Universidade da Califórnia mostram que crianças que passam menos tempo em interações presenciais têm maior dificuldade em interpretar expressões faciais e entender emoções. Isso afeta diretamente a capacidade de trabalhar em grupo, algo essencial no aprendizado colaborativo tão valorizado nas escolas e no mercado de trabalho.
Como encontrar o equilíbrio?

A tecnologia não é a vilã – o problema está no excesso e na falta de orientação. Aqui estão algumas estratégias práticas que pais, educadores e os próprios adolescentes podem adotar:
- Estabeleça limites claros: Determine horários específicos para o uso de telas e priorize atividades offline, como leitura, esportes e brincadeiras ao ar livre.
- Incorpore o uso consciente: Incentive o uso de aplicativos educativos e evite distrações, como redes sociais, durante as tarefas escolares.
- Modele o comportamento: Pais e professores devem ser exemplos ao limitar o uso das telas em momentos sociais ou de aprendizado.
- Crie um ambiente livre de telas à noite: Estimule uma rotina que minimize o uso de dispositivos pelo menos uma hora antes de dormir, promovendo a qualidade do sono.
O uso tecnológico equilibrado
As telas não vão desaparecer – e nem deveriam. Elas são parte integral da vida moderna e têm um potencial imenso para transformar a educação. No entanto, é essencial reconhecer os desafios que elas trazem e agir para garantir que crianças e adolescentes desenvolvam habilidades cognitivas, emocionais e sociais de maneira saudável.
O equilíbrio entre o uso das telas e as atividades offline é a chave para um aprendizado mais completo e eficaz. A reflexão que fica é: como podemos usar a tecnologia de forma responsável, preparando os jovens para um futuro onde as telas são ferramentas, e não obstáculos?